O que é Cirurgia de Ambulatório (CA)
A Cirurgia de Ambulatório consiste na realização de intervenções cirúrgicas programadas (ou seja, não urgentes), em que os doentes se deslocam ao hospital no próprio dia da intervenção e têm alta algumas horas depois, sem necessidade de pernoitar no hospital. No passado, todas as intervenções cirúrgicas eram efetuadas em regime de internamento.
Quando, no âmbito da CA, o doente tem necessidade de permanecer a primeira noite no hospital, tem alta até 24 horas após a operação passando a designar-se esta modalidade por cirurgia ambulatória com pernoita hospitalar.
A cirurgia em regime de ambulatório é, nos países desenvolvidos, a área de maior expansão cirúrgica nos últimos trinta anos estando a sua popularidade associada a um conjunto significativo de vantagens:
- Clínicas:
- menor incidência de complicações (infecciosas, cirúrgicas, cardiovasculares, respiratórias, gastrointestinais, etc);
- Organizativas:
- melhoria do acesso dos doentes à cirurgia;
- redução das listas de espera cirúrgicas;
- aumento significativo da eficiência hospitalar relativamente à cirurgia de internamento.
- Sociais:
- permite uma mais rápida recuperação pós-operatória dos doentes;
- início mais precoce das suas atividades diárias, da vida familiar e da atividade profissional ou escolar;
- menor alteração da vida quotidiana. Aspetos especialmente relevantes nas faixas etárias da pediatria e da geriatria.
- Económicas:
- permite uma forte racionalização da despesa em saúde em especial quando em presença de elevados índices de substituição da cirurgia de internamento pela CA.
Em resumo, a CA traduz-se por um modelo organizativo centrado no utente, que está associado a um significativo incremento da qualidade, com aumento da personalização e da humanização dos cuidados de saúde.
A CA em Portugal
Em Portugal, a prática da cirurgia em regime de ambulatório remonta ao início da década de 90 do século XX.
A 15 de Setembro de 1998 foi criada a Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória – APCA (Diário da República, III Série, nº 243 de 18 de Outubro de 1999, pág. 21 976- (6)), tendo como objetivo principal a formação e a promoção da Cirurgia Ambulatória.
O Programa do XVII Governo Constitucional (Março de 2005) realçava a importância de incentivar o desenvolvimento da Cirurgia de Ambulatório como instrumento para o aumento da efetividade, da qualidade dos cuidados e da eficiência na organização hospitalar.
Em 19 de Outubro de 2007 foi criada a Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Cirurgia de Ambulatório (CNADCA), com a finalidade de estudar e propor uma estratégia e as correspondentes medidas, de forma a promover o desenvolvimento da CA no Serviço Nacional de Saúde (Despacho n.º 25832/2007). Após a apresentação pública do Relatório Final da CNADCA em 2008, o Despacho nº 30114/2008 do Ministério da Saúde determinou a implementação de critérios básicos no desenvolvimento dos programas de cirurgia ambulatória nos hospitais do SNS.
A CA na ULS da Guarda
A Unidade de Cirurgia de Ambulatório (UCA) da ULS Guarda tem dois polos: Hospital Sousa Martins na Guarda e Hospital Nossa Senhora da Assunção em Seia.
Em Seia, a UCA iniciou a sua actividade em Setembro de 2009, sob a coordenação do Dr. Dias da Costa e da Enf.ª Avelina.
Na Guarda, a UCA iniciou a sua actividade em Janeiro de 2010, sob a coordenação do Dr. Dias da Costa e do Enf.º Calado Monteiro.
Ao longo destes anos, a UCA tem vindo a desenvolver um trabalho regular no domínio da Cardiologia, Cirurgia Geral, Dermatologia, Ginecologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia e Urologia, com um aumento considerável do número de doentes tratados e aumento da taxa de ambulatorização.
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Coordenação
- Dra. Joana Sofia Teixeira de Jesus
- Enf. Manuel Almeida (Hospital Sousa Martins)
- Enf. Ricardo Jorge Cruz (Hospital Nossa Senhora da Assunção)
Equipa de Enfermagem
| Hospital Sousa Martins | Hospital Nossa Senhora da Assunção |
| Ana Catarina Pires | Ana Filipa Aleixo |
| Ana Figueiredo | Carla Sofia Nunes |
| Bárbara Monteiro | Catarina Albino |
| Carla Pascoal | Joana Pinto |
| Catarina Pires | Maria Lina Abrantes |
| Emília Monteiro | Maria de Fátima Ferreira |
| Helena Batista | Matilde Alves |
| Irene Alves | Susana Neves |
| Joana Fardilha | |
| Manuela Dias | |
| Marlene Fernandes | |
| Paula Janeiro | |
| Paula Raposo | |
| Sandra Costa | |
| Tânia Cameira | |
| Vera Lucas |
Assistentes Operacionais
| Hospital Sousa Martins | Hospital Nossa Senhora da Assunção |
| Adélia Pragana | Armandina Rola |
| Belmira Lote | Fátima Rodrigues |
| Bruna Gomes | Isilda Almeida |
| Eduardo Freixo | Maria Cândida Rodrigues |
| Fátima Pinto | Maria Fátima Ramos |
| Isabel Gregório | Maria Isabel Santos |
| Ivone Gonçalves | Rosa Maria Reis |
| José Tavares | Susana Santos |
| Lucília Marta |
Assistentes Técnicas
| Hospital Sousa Martins | Hospital Nossa Senhora da Assunção |
| Catarina Louro | Sílvia Fernandes |
| Paula Diegues |
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS REALIZADOS NA UCA
- Cirurgia Geral:
- Varizes – safenectomia e laqueação de colaterais
- Hérnias inguinais – hernioplastias
- Hérnias da parede abdominal – hernioplastias /herniorrafias
- Hemorróidas – hemorroidectomia
- Fissuras anais – esfincterotomia lateral interna
- Fístulas anais – fistulectomia
- Sinus pilonidal – exérese ou marsupialização
- Lipomas/quistos – exérese
- Colocação de cateter venoso totalmente implantado
- Ortopedia:
- Síndroma do túnel cárpico – libertação do nervo mediano
- Sindroma de guyon – libertação do canal de guyon
- Sobrecarga de metas – operação de Weil
- Hallux valgus –correção de tecidos e buniectoma
- Extração de material de osteossintese
- Doença de Dupuytren – fasciectomia palmar/fasciotomia
- Tenosinovite de Quervain – libertação dos tendões curto e abdutor
- Dedos em gatilho – libertação dos tendões flexores
- Dedos em garra – correção cirúrgica
- Quistos sinoviais – exérese
- Excisão de Nevroma de Morton
- Libertação da asa externa rotuliana
- Tofos gotosos – exérese
- Cardiologia:
- Revisão de Pace-Maker – Substituição de gerador
- Ginecologia:
- Nódulo da mama – excisão-biópsia de massa mamária
- Patologia endometrial – histeroscopia/curetagem /biópsia
- Controlo de maternidade – laqueação de trompas
- Quisto vaginal/vulvar – exérese
- Colocação e extração de dispositivo intra-uterino
- Ressectoscopia
- Urologia:
- Fimose e/ou freio curto do pénis – circuncisão e/ou plastia de freio
- Varicocelo – laqueação de vasos espermáticos
- Incontinência urinária de stress/esforço da mulher – fita transobturadora
- Hidrocelo – hidrocelectomia ou eversão da vaginal testicular
- Doença de Peyronie – operação de Nesbit
- Cistocelo – colporrafia anterior com prótese
- Bexiga neurogénica/hiperativa – aplicação de toxina botulinica
- Quisto do epididimo – excisão
- Colocação/remoção de duplo J
- Contracetivo masculino – vasectomia
- Tumor vesical – ressectoscopia transuretral vesical
- Tumor prostático – ressectoscopia transuretral prostática/laser /crioterapia
- Litíase Renal – Litotrícia Endoscópica Intrarenal (RIRS)
- Otorrinolaringologia:
- Otite seromucosa – colocação de tubos de Sheppard
- Hipertrofia de amígdalas e adenoides – amigdalectomias/adenoidectomias
- Pólipos e nódulos das cordas vocais – exérese de pólipos e biopsias
- Septoplastia
- Polipectomia nasal
- Hipertrofia dos cornetos / Turbinoplastia
- Dermatologia:
- Tumores malignos (carcinomas espinocelular basocelular e melanomas – excisão com encerramento direto, retalhos e enxertos
- Tumores benignos (lipomas, quistos epidermóides e triquilémicos, nevos melanóciticos, fibromas) – excisão
- Criocirurgia de tumores malignos e lesões pré-malignas
- Pneumologia:
- Fibroscopia
- Toracoscopia
Informações Gerais aos Utentes
- Referenciação para a UCA
O doente é referenciado para a consulta da especialidade cirúrgica pelo médico de família. Nessa consulta, o médico define se existem critérios clínicos para a cirurgia e confirma se o doente aceita ser operado em ambulatório.
- Avaliação pré-operatória
O doente é avaliado nas consultas de Enfermagem e de Anestesiologia onde é recolhida toda a informação necessária.
É necessário cumprir os seguintes critérios:
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- Ter um adulto responsável que o acompanhe nas primeiras 24 horas do pós-operatório;
- Meio de transporte individual para casa;
- Habitação com condições mínimas de conforto;
- Telefone/telemóvel disponível.
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Na consulta de Anestesiologia é decidido se o doente tem condições clínicas para ser operado e são dadas todas as indicações acerca da necessidade de alterações na medicação habitual.
- Cuidados e informações gerais
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- Se não puder comparecer na data marcada ou surgir alguma alteração no estado de saúde (tosse, febre, etc) até ao dia previsto para a intervenção, o doente deve informar de imediato a UCA;
- Na véspera da intervenção deverá fazer uma refeição ligeira (jantar) e ficar em jejum a partir das 24 horas. Pode beber água em quantidades moderadas até 2 horas antes da intervenção;
- No dia da cirurgia:
- Tomar um banho de chuveiro com as esponjas impregnadas em clorohexidina, fornecidas na consulta de anestesia; usar roupa e calçado confortáveis;
- Não usar maquilhagem, verniz nas unhas, lentes de contacto;
- Não transportar objetos de valor (dinheiro, joias ou adornos);
- Fazer-se acompanhar dos medicamentos que toma habitualmente e dos exames, documentos de identificação, roupão e chinelos, livro ou uma revista se o desejar;
- As crianças devem fazer-se acompanhar de um jogo, livro ou brinquedo da sua preferência;
- Dirigir-se ao Secretariado da UCA, para ser efectuada a admissão;
- As crianças são acompanhadas por um familiar (mãe, pai ou outro) nas salas de Recobro 1, 2 e 3. Os adultos poderão ser acompanhados apenas no Recobro 3 (de acordo com as normas da DGS)
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Preparação da alta:
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- A equipa de enfermagem faz o ensino acerca dos cuidados pós operatórios, facultando carta de alta, data próxima consulta, panfleto informativo, medicação prescrita e respetiva posologia.
- Será contatado após: 24 horas; 14 dias; 30 dias, para acompanhamento da sua recuperação.
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Recomendações após a alta
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- Respeitar integralmente todas as indicações fornecidas no momento da alta;
- Dirigir-se á Unidade de Cuidados de Saúde Primários com a carta de alta para dar continuidade ao seu plano de cuidados;
- Não conduzir automóveis, ou qualquer outro tipo de máquinas, nas primeiras 24 horas;
- Retomar a medicação habitual;
- Comparecer à consulta de pós-operatório
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Qualidade
SINAS – A UCA está submetida à avaliação do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS), que é o sistema de avaliação da qualidade global dos serviços de saúde em Portugal continental desenvolvido pela Entidade Reguladora da Saúde. A avaliação é contínua sendo os resultados comunicados à ULS e divulgados no Website do Sinas duas vezes por ano.
Acreditação – Em 30 de Março de 2016 a UCA do Hospital Sousa Martins recebeu o Certificado de Acreditação, tornando-se a primeira unidade do país a ser certificada segundo o Modelo ACSA (Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía), modelo nacional oficial de acreditação em saúde, de opção voluntária, aprovado por Despacho da Ministra da Saúde (Despacho n.º69/2009, de 31 de Agosto).