Ligado ao nome do Hospital da cidade mais alta de Portugal está o Dr. Sousa Martins, que em 1881, ao fazer uma expedição à Serra da Estrela considerou este local ótimo para o tratamento da tuberculose.
Em sua honra, e pela sua dedicação à causa da tuberculose veio a ser dado a esse sanatório o nome “Sousa Martins”.
Sensibilizada pelos problemas da tuberculose em Portugal, a rainha D. Amélia permitiu e patrocinou a criação de um sanatório na Guarda (o primeiro a ser construído em altitude, em Portugal) e que foi inaugurado a 18 de maio de 1907, sendo o primeiro diretor o Dr. Lopo de Carvalho.
Igualando-se este sanatório aos das famosas estâncias de cura da tuberculose pulmonar da Europa, entre elas a de Davos, na Suiça. Para a época, o Sanatório Sousa Martins era considerado como uma moderníssima Unidade de Saúde, dotada de bastante conforto. Tinha capacidade para receber à volta de mil doentes distribuídos por pavilhões para todo o tipo de sociedade (abastados, funcionários públicos e carenciados).
Com o decorrer dos tempos e com a descoberta dos antibióticos a incidência da tuberculose foi diminuindo e deixando de ser um problema sério para a saúde pública.
Os doentes passaram a ter a possibilidade de fazer tratamentos em casa. Assim sendo, a existência dos sanatórios deixou de ser pertinente, acabando mesmo por serem extintos a 5 de novembro de 1974.
Nas últimas décadas o hospital Sousa Martins funcionou como hospital distrital com múltiplas especialidades. Em 2008 foi constituída a ULS Guarda tendo como atividade principal a prestação de cuidados de saúde primários, diferenciados e continuados à população.
Para além do Hospital de Sousa Martins, esta nova estrutura tutela o Hospital Nossa Senhora de Assunção, em Seia e todos os Centros de Saúde do distrito à exceção do de Aguiar da Beira.
A Rádio Altitude
Associada à vida do Sanatório e da própria cidade está a incontornável história da Rádio Altitude. O nascimento da rádio terá ocorrido em meados dos anos 40, quando José Maria Pedrosa, internado no Sanatório, instalou o primeiro emissor interno. Em 1947, Ladislau Patrício, o diretor do Sanatório, aprovou o regulamento da Rádio, que mencionava que «A estação emissora da Caixa Recreativa denomina-se Rádio Altitude e destina-se a proporcionar aos doentes do Sanatório certas distrações compatíveis com a disciplina do tratamento».
Fundada e dinamizada por doentes internados no então Sanatório, a Rádio passou a emitir regularmente a partir de 29 de julho de 1948, tendo evoluído ao longo dos anos do interior do complexo hospitalar para o espaço urbano e concelhio e gradualmente para toda a região.
Com programação estruturada e serviços informativos regulares a partir do início da década de 60, a Rádio Altitude foi pioneira no jornalismo regional e tornou-se numa referência regional e nacional.
A Rádio é, assim, um património histórico e afetivo da própria cidade da Guarda.
Guarda: A cidade “bioclimática ibérica”
A Guarda é por excelência, uma cidade vocacionada para o tratamento de doenças respiratórias. E isto tudo devido à qualidade do ar que aqui se respira.
O índice de pureza e qualidade do ar que se respira na Guarda tornou-a a “Cidade Bioclimática Ibérica”, classificação atribuída pelas grandes potencialidades da região para tratamento de doenças respiratórias. A certificação foi concedida através do Instituto Clínico de Alergologia do Hospital Inglês (ICAHI) de Lisboa. Os responsáveis por aquele instituto atribuíram-lhe esta categorização atendendo à qualidade do ar na região que, acima dos 700/800 metros de altitude, torna mais raros os ácaros e fungos. É também nesta região que os pólenes continuam a existir mas em menor quantidade.
A classificação atribuída à cidade veio reforçar o reconhecimento do bom ar da Guarda, já testemunhado no início do século XIX e que se materializou com a construção do Sanatório Sousa Martins!